Público, 21 setembro 2024, Daniela Carmo
As organizações sindicais que representam os médicos culpam o Governo da ministra Ana Paula Martins por não garantir profissionais em número suficiente para assegurarem os períodos de picos de procura nas unidades de saúde.
Em causa está um despacho da tutela, que deverá ser publicado em breve e que determina que os hospitais têm de adaptar as férias dos profissionais para garantir capacidade de resposta nos serviços de urgência durante o Inverno, sempre que as escalas não estejam garantidas.
Para os sindicatos, a orientação não se coaduna com a lógica de marcação de férias, já que estas interrupções "foram previamente aprovadas pelos conselhos de administração” das unidades de saúde no início do ano. "Não compreendemos que, depois desta planificação, que tem de existir no primeiro trimestre e quadrimestre, se exige agora aos médicos e às suas famílias que alterem a sua planificação, que os próprios hospitais e centros de saúde aprovaram”, resume Nuno Rodrigues, do SIM.
"O pedido não faz qualquer sentido quando já temos mais de três milhões de horas extraordinárias feitas pelos médicos até Junho”, refere ainda. "Se o objectivo do Governo, com este despacho, é provocar descontentamento e fazer com que os médicos voltem a colocar as minutas [de indisponibilidade] para as horas extraordinárias, se calhar é isso que vai conseguir...”