SaúdeOnline, 13 setembro 2024, Maria João Garcia
Salomé Camarinha, médica interna de Medicina do Trabalho na ULS da Região de Aveiro, é também presidente da Comissão Nacional de Médicos Internos do Sindicato Independente dos Médicos (SIM). Em entrevista ao SaúdeOnline destaca que os mais jovens valorizam uma carreira com remuneração justa, tempo e perspetivas de futuro. E esperam que o SNS nunca venha a ter um fim.
Há muito a fazer: o SNS precisa de ser modernizado – a nível de infraestruturas e outros aspetos sim, certamente – mas falo ao nível da gestão e organização dos seus recursos humanos. Numa perspetiva mais pragmática, diria que será crucial investir em três medidas de curto prazo.
Remuneração justa. Se ao médico se exige, e bem, que seja cada vez mais qualificado – que saiba mais, que seja mais célere no diagnóstico, que use técnicas mais avançadas, que apresente mais opções de tratamento – é legítimo que o médico exija uma remuneração compatível com o seu nível de diferenciação e responsabilidade.
Tempo. Por um lado, a redução do tempo normal de trabalho das 40 para as 35 horas semanais. Por outro lado, a reorganização do horário por forma a incluir tempo para formação e investigação científica, que a maior parte dos médicos é obrigada a fazer fora do seu horário de trabalho por não lhe ser conferido tempo dedicado para essas atividades.
Perspetiva de futuro. Carreira tem de ser sinónimo de percurso, progressão, e não da estagnação a que se tem assistido, com 70% dos médicos sem avaliação de desempenho e, consequentemente, sem oportunidade de progressão estatutária e salarial.