O SIM espera que a medida permita que, com uma melhor remuneração, se ultrapasse a questão de fundo do SNS, que é a sua falta de profissionais.
O alerta é do Secretário-Geral do Sindicato, Jorge Roque da Cunha, em entrevista à SIC Notícias. "Este modelo é bem recebido pelos médicos porque cria condições de estabilidade, incentivos e regras. Mas há questões que têm de ser ultrapassadas”, acrescenta.
"Não havendo contratação de médicos, não havendo capacidade do SNS, como tem acontecido nos últimos anos, de fixar médicos e de os contratar, não é possível estas equipas serem constituídas”, sustenta Roque da Cunha.
Para o Secretário-Geral do SIM, "era fundamental que a Ordem dos Médicos revertesse uma decisão que tomou ano passado, depois de vários anos de discussão e de um largo consenso, de criação de uma especialidade de urgencista”.
"Existem cerca de 50 CRI, que funcionam um pouco à la carte. E havendo estas regras, é sempre positivo que as pessoas saibam exatamente com o que podem contar e não depender da vontade de um presidente do conselho de administração ou de um chefe de equipa”, adianta Roque da Cunha.
Os CRI-SU avançam em cinco ULS de Lisboa (Santa Maria e São José), Porto (São João e Santo António) e Coimbra.
O novo modelo será testado até ao final do ano e o objetivo é que seja alargado a outras unidades de saúde.
Vencimento poderá duplicar.
A portaria do Governo, publicada esta terça-feira em Diário da República, estabelece as novas regras e incentivos dos CRI-SU, que chegarão a um aumento de 60% do salário.
A remuneração mensal pode mesmo duplicar, caso os profissionais cumpram os objetivos que permitem receber os respetivos suplementos e incentivos ao desempenho.
A matriz de indicadores engloba as dimensões de acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados, como a percentagem de doentes atendidos dentro do tempo previsto na triagem até à primeira observação pelo médico, a taxa de readmissões, a resolutividade da equipa, a capacidade de orientar os doentes para cuidados em ambulatório, os utilizadores frequentes ou os internamentos evitáveis.
"Neste momento, muitas das equipas de urgência são garantidas por colegas em prestação de serviço e sem especialidade”, acusa Roque da Cunha.
Este tipo de organização vai, assim, "exigir maior especialização e uma capacidade de atração de especialistas para que não sejam os nossos colegas, sem formação especializada, a fazer este tão importante trabalho e que é decisivo”, comenta.
O Secretário-Geral do SIM destaca, ainda, o facto da criação de equipas dedicadas em exclusivo ao SU permitirem libertar "especialidades como pediatria, medicina interna, cirurgia e anestesiologia, de estarem totalmente concentradas nas urgências porque, com isso, as listas de espera continuam a aumentar e a capacidade de dar resposta às doenças crónicas também diminui”.
Os CRI-SU contarão com médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e técnicos auxiliares de saúde a trabalhar em exclusivo. No entanto, cada ULS poderá decidir incluir outras profissões, segundo as necessidades identificadas localmente.
O acompanhamento dos novos CRI-SU será assegurado, em conjunto, por cada ULS e pela Direção Executiva do SNS, pela ACSS e pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.