A previsível e anunciada hecatombe aconteceu.
As escolhas para as especialidades terminaram e dos 2330 candidatos houve 501 que decidiram não escolher qualquer vaga tendo sobrado 419 vagas (tinham sido 51 em 2021 e 161 em 2022).
Estes 501 médicos correspondem a 21,50% do total de concorrentes, e as vagas não escolhidas representam 18,2% do total colocado a concurso!
A hecatombe traduz-se em número de vagas não preenchidas em algumas especialidades em números nunca vistos: Medicina Geral e Familiar 165 (foram 71 em 2022) - 26,7%; Medicina Interna 144 (67) - 58,1%; Patologia Clínica 22 (7) - 70%; Saúde Pública 18 (5) - 32,7%; Imunohemoterapia 16 (9), Hematologia Clínica 13 (0), Medicina Intensiva 9 (0) e Doenças Infeciosas 8 (0). E ainda mais 15 vagas em outras 7 especialidades.
Por regiões, Lisboa e Vale do Tejo liderou com 178 vagas por preencher...
Por aqui se vê a atractividade que tem o trabalhar no Serviço Nacional de Saúde, numa altura em que todos os recursos humanos médicos deveriam ser aproveitados...
Enquanto isso os nossos governantes passeiam-se por um país de faz de conta... até quando? O número de Portugueses sem Médico de Família aumenta, a lista de espera para consultas e cirurgias é o que se sabe, o drama anunciado das urgências esta aí... anunciam-se medidas de regra e esquadro no papel e apregoa-se o medo de um efeito dominó para as contas públicas se houver cedência às justas reivindicações salariais e de condições de trabalho dos médicos.