Indecoroso que 1.342.000 de Portugueses não tenham Médico de Família.
Indecoroso que haja quem alvitre vender gato por lebre com Médicos indiferenciados para colmatar essa falta.
Indecoroso que mais de 2.000 Médicos Especialistas de MGF, cerca de 25% dos actuais 8.198 existentes, estejam fora do SNS. Porque este não tem sabido nem atrair os recém-especialistas nem segurar (seja adiando a aposentação seja obviando saídas para o privado) os existentes.
Indecoroso que haja UCSPs com dezenas de milhar de utentes sem MF, sendo os seus médicos verdadeiros heróis anónimos tal a carga de trabalho, para a qual nem o acenar de compensações temporárias e limitadas no tempo arranja ajuda.
Apenas o nivelar por cima das remunerações, com a generalização das USFs modelo B sem quotas e sem entraves poderá fazer ver uma luz ao fundo do túnel.
Terá Manuel Pizarro força, que o querer queremos acreditar que tenha, para dar o grito do Ipiranga e quebrar os coletes de forças das quotas determinadas pelas Finanças, sustentados por bloqueios burocratas de manuais de procedimentos, ancorados em verborreia normalizadora, inundados por indicadores, indicadorzinhos e indicadorzões, pareceres técnicos cuja emissão e homologação fazem estagnar os médicos nas USFs modelo A num processo que outrora acreditaram fosse justo e rápido, tornando murchas as ora viçosas cenouras da que já foi chamada Reforma dos Cuidados de Saúde Primários?