Público, 28 julho 2022, Bernardo Mateiro Gomes, Miguel Cabral e Nuno RodriguesNo horizonte, e já com um pé nesse território, já se vê um sistema de saúde partido em dois em que o SNS fica como recurso, preservando respostas a situações mais graves, tão dispendiosas que não têm interesse para o mercado privado ou quando se acabar o
plafond do seguro.
Teremos o pior dos dois mundos com uma quebra no sistema de saúde, agravamento de desigualdades e ineficiências. Um sistema beveridgiano em ruptura assemelha-se ao actual sistema norte-americano de saúde, cuja maioria dos portugueses e os partidos com representação parlamentar, de forma sapiente, não querem. Importantes chamadas de atenção sucedem-se, vindas também de pessoas que desempenharam funções governativas sob o partido com o poder e a consequente responsabilidade neste momento. A mudança pode ser revestida de vários formatos e cores partidárias, mas há uma necessidade inequívoca de ímpeto reformista.
Indiferentes a cores partidárias, não ver os factos actuais corresponderá a graves danos no sistema de saúde e no tecido social do país, com o pilar da solidariedade na saúde a ser fortemente erodido. Existe a necessidade natural de esperança mas fica a dúvida de quão recuperável é a quebra que já está à vista, ou quantos mais danos serão necessários para um horizonte diferente.
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