Sindicato Independente dos Médicos

Mas ainda há quem ainda tenha os pés assentes na terra e viva no país real, e se preocupe verdadeiramente com o nosso Serviço Nacional de Saúde.

É o caso do Prof. Doutor Fernando Araújo, atual Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, ex-Presidente da Administração Regional de Saúde do Norte e ex-Secretário de Estado Adjunto e da Saúde:

Jornal de Notícias, 24 maio 2022, Fernando Araújo

Sexta-feira, meio da manhã, o corredor do bloco operatório está deserto. Um silêncio impera nas salas cirúrgicas, contrastando com a azáfama no internamento, onde se explica aos doentes que não vão ser operados por causa da greve.

Temos assistido recentemente a uma vaga sem precedentes de pedidos de redução de horário e de desvinculação. A paixão pelo SNS está a desaparecer, o orgulho de pertencer a esta equipa dissipa-se diariamente.

Salários baixos, progressão lenta ou inexistente, exigência enorme, trabalho insano, sem um fio condutor. O sistema está burocrático, administrativista, nada focado na excelência da gestão, nos trabalhadores e nas instituições, desprestigiando os doentes. As folhas de excel e os números são o paradigma dos processos.

Os profissionais da saúde sentem-se sozinhos. Os doentes abandonados, especialmente os mais carenciados, agravando o fosso da iniquidade no acesso e desviando-se de uma política de inclusão.

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