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Sindicato Independente dos Médicos

As crianças queimadas do Hospital D. Estefânia têm de ser tratadas com segurança e dignidade

23 fevereiro 2022
As crianças queimadas do Hospital D. Estefânia têm de ser tratadas com segurança e dignidade
Chegou ao conhecimento do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) que os doentes queimados e em idade pediátrica, no Hospital de Dona Estefânia, são habitualmente internados em dois quartos ao fundo da enfermaria de Cirurgia Pediátrica, Serviço 3.1., sem condições de isolamento. O espaço atribuído a estes doentes não cumpre as Recomendações Técnicas para Unidades de Queimados (RT 13 2019), segundo a ACSS, e o tratamento prestado não é condigno deste tipo de doente, pela sua complexidade e risco, nomeadamente infeccioso.

Os problemas são vários, destacando-se a inexistência de controlo térmico do ambiente adequado dos quartos de internamento; a falta de condições rigorosas de assepsia; a inexistência de uma banheira adequada para balneoterapia e que também permita realização de balneoterapia sob sedação; a impossibilidade da realização de pensos sob sedação, pelo que estes doentes são frequentemente deslocados ao bloco operatório, ocupando a sala operatória da urgência.

Seria igualmente importante que pudesse existir uma sala de atividades, dada a faixa etária dos doentes internados e que também serviria para a realização de terapia ocupacional / fisioterapia em ambiente seguro, entre outros.

No contexto da pandemia COVID-19 em 2020, ocorreu o culminar da degradação dos cuidados aos doentes queimados internados, que se está a repetir novamente desde dezembro de 2021, à medida que surge maior número de casos de doentes cirúrgicos infetados. Durante este período, os doentes queimados foram deslocados para o Serviço 3.2. - Ortopedia, onde permanecem preferencialmente em quartos localizados no fundo da enfermaria, mas, por vezes, intercalados com outros doentes internados e com patologias diferentes, nomeadamente infecciosa. Este serviço apresenta características de espaço e de pessoal que são ainda mais deficitárias para o tratamento do doente queimado, relativamente às existentes no Serviço 3.1.

A situação perdura há muitos anos resultando de um subfinanciamento crónico do SNS e é essencial que possa ser ultrapassada o mais rapidamente possível, mesmo tendo presente o anúncio de há décadas, da construção do Hospital de Lisboa Central, que mesmo depois de aprovado demorará anos a estar operacional.

Assim, o SIM exorta que sejam criadas as condições necessárias para esta unidade de queimados, que as nossas crianças merecem, sabendo da sensibilidade que V. Exª. tem revelado para esse problema.

Urge também aqui a intervenção do Ministério da Saúde.

O subfinanciamento crónico do SNS e o anúncio do novo Hospital de Todos os Santos em Lisboa não podem permitir a persistência de uma situação indigna para crianças em particular perigo de vida. É fundamental que o Ministério da Saúde invista também nesta área.
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