Sindicato Independente dos Médicos

Até agora, passados quase dois anos desde que começou a pandemia, foram os Médicos de Família que efectuaram o seguimento de cerca de 95% dos infectados com o SARS-CoV-2 através de um tal Trace COVID-19. Tarefa silenciosa e não merecedora de parangonas...

Tarefa desgastante e desajustada, porque direccionada para casos benignos e tarefas burocráticas, consumidora de recursos médicos especializados. Recursos esses desviados daquilo que os Médicos de Família podem e devem fazer, a prevenção , o diagnóstico e o tratamento de doenças crónicas de adultos, da mulher e da criança, direccionando a sua atividade primordial para os doentes não COVID-19.

O SIM há muito vinha defendendo que os Médicos de Família (e os Médicos de Saúde Pública noutras áreas de intervenção) fossem libertados dessas tarefas, e que fossem implementados mecanismos automáticos e desmaterializados de registo e vigilância, incluindo a certificação e justificação do absentismo laboral. Parece que terá havido que fazer cálculos e mais cálculos, e que superar muita obstinação... Mas lá se chegou...

E tanto tínhamos razão em afirmar que isso era possível, que foi o que aconteceu com a actualizaçao a 5 de Janeiro das Normas 004/2020 e 015/2020 da DGS, e a adoção de procedimentos informáticos automáticos, desenhados pela SPMS, a partir do contacto com o SNS24. O encurtamento do período de isolamento para 7 dias no Continente (sim, porque nas Regiões Autónomas a população é mais resiliente e 5 dias são suficientes) veio ajudar ainda mais a diminuir a referida sobrecarga.

Mas se se quer que a retoma da actividade primordial nos Cuidados de Saúde Primários seja uma realidade, há que rapidamente proceder à contratação de profissionais de saúde para os Centros de Vacinação contra a COVID-19 e para as Áreas Dedicadas Respiratórias - Comunidade  (seguindo o exemplo da ARS Norte onde se tem tentado o uso desse mecanismo) evitando que os efectivos humanos dos Centros de Saúde sejam desviados para esses locais.