Por todo o país os governantes da saúde lançam foguetes, confettis e festejam, de forma efusiva e propagandística, a "inauguração" da administração da primeira dose da nova vacina a 16 000 dos 130 000 profissionais de saúde.
No Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, enquanto a corte (muito mais que seis pajens) se acotovelava para ser fotografada com a Sra. Ministra da Saúde a ver vacinar, foram esquecidos vários grupos profissionais do Hospital Pediátrico Dona Estefânia com exposição de risco ao SARS-CoV2, nomeadamente os anestesiologistas, os enfermeiros e auxiliares do bloco operatório e do departamento de radiologia, os técnicos da radiologia e os radiologistas.
No dia da véspera de Natal foram solicitados os dados dos anestesiologistas do Hospital Dona Estefânia para serem inscritos na lista de vacinação, no entanto nunca foram contactados para lhes ser comunicado o dia e a hora da vacina. Foram simplesmente esquecidos e discriminados. Tal como já ocorrera antes quando não lhes foi atribuído o "prémio" do estado de emergência, ao contrário do que aconteceu aos colegas da mesma especialidade noutros pólos do CHULC que também recebem doentes COVID neste centro hospitalar.
Muitas outras especialidades foram discriminadas e a falta de critério prevaleceu mesmo havendo pouca quantidade de vacina.
Gravíssimo igualmente o esquecimento dos médicos e profissionais de saúde dos Hospitais das Forças Armadas, dos Serviços Prisionais, dos privados e do sector social.
É isto que acontece quando mais uma vez a preocupação é aproveitar a pandemia para propaganda e não para proteger quem dedica centenas de horas extraordinárias por ano para cuidar dos portugueses e, neste caso, um bem maior - as nossas crianças.
Esta forma de lidar com a pandemia preocupa o SIM, não só pela injustiça mas também pela falta de planeamento e organização que se antevê para vacinar 7 000 000 de portugueses , e recorda que todas as medidas de protecção têm de ser reforçadas.