Apesar da calamidade que ocorreu em Reguengos de Monsaraz, o Sr. Presidente da ARS Alentejo, Dr. Robalo aparenta e refere estar de consciência tranquila, contando ontem com uma fortíssima manifestação de solidariedade do Governo, com o Dr. António Sales, Secretário de Estado da Saúde, o Dr. Jorge Seguro Sanches, Secretário Estado Adjunto da Defesa Nacional e a Drª Graça Freitas, Diretora-Geral da saúde.
Na sua dupla qualidade de Presidente da Câmara de Reguengos e simultaneamente Presidente da Fundação do Lar sentiu-se ainda mais seguro em relação das sucessivas ordens ilegais de pressão dos médicos, retirando-os dos hospitais do SNS onde são tão necessários.
Terá decerto sentido conforto de considerar um Lar como um local do SNS quase um hospital para onde tem alocado meios materiais e humanos, isentando a Segurança Social e o responsável do Lar dessa tarefa.
Nem depois do Ministério Público ter iniciado inquérito, nem depois da intervenção da Ordem dos Médicos, nem mesmo de relatos de condições muito diferentes de unidades hospitalares graves manteve a atitude de ignorar olimpicamente os avisos e criticar o SIM agora com o apoio público do Governo. Nunca tal se viu... considerar um lar ou mesmo um pavilhão como um hospital.
O Sindicato Independente dos Médicos - SIM/Alentejo - vem solidarizar-se com a posição tomada pela Ordem dos Médicos relativamente à situação vivida no Lar de Reguengos de Monsaraz nas últimas semanas e apela que haja proteção a todos os que forem chamados a depor no inquérito.
O império do medo não se pode sobrepor à verdade nem transformar um lar ou mesmo um pavilhão gimnodesportivo num hospital.
A ARS Alentejo na última década tem revelado uma falta de capacidade de gestão organizacional e liderança para fazer evoluir o Alentejo a nível dos cuidados de saúde. Há cada vez menos profissionais de saúde, as infraestruturas estão cada vez mais degradadas tendo como consequência um menor acesso aos cuidados de saúde pela população sem quaisquer sinais da Senhora Ministra da Saúde para inverter este tipo de políticas.
Relativamente à situação de extrema gravidade que se passa não só em Reguengos de Monsaraz como em todo o Alentejo, aguardamos medidas do Ministério da Saúde para se ultrapassar esta situação de uma vez por todas, para que novas ideias levem a novos horizontes e que possam atrair profissionais.
Dessas medidas poderiam desde já contar a aplicação de incentivos à fixação e respeito pelos médicos.
O SIM reafirma o apoio e a defesa a todos os médicos que põem a sua ética pessoal e profissional e a defesa dos utentes acima de pressões políticas e solidariedade pelos cidadãos e respetivas famílias.
Os médicos não podem ser empurrados para situações que ponham em causa a segurança dos doentes e correrem riscos profissionais e estarem sujeitos a que qualquer tribunal os possa acusar de negligência.
Grândola, 17 de julho de 2020
O Secretariado Regional do SIM/Alentejo
Comunicado