Chegam-nos a toda a hora relatos de médicos a ficarem em quarentena por contacto durante a execução de consultas com doentes confirmados como positivos ou suspeitos, a maior parte deles com sintomas respiratórios mas não elegíveis como casos suspeitos pelas normas da DGS.
Os médicos não têm disponíveis Equipamentos de Proteção Individual (EPI) nestas circunstâncias. Mesmo as simples máscaras cirúrgicas estão a ser racionadas em muitos locais, quer a nível hospitalar nos Serviços de Urgência quer a nível dos Cuidados de Saúde Primários (nos Atendimentos Complementares / SASU e mesmo nas Consultas Abertas).
Os próprios EPI disponíveis (dois ou três por unidade) para uso na avaliação de casos suspeitos (uma atuação discutível pois o que deveria ser copiado era a boa norma por exº do NHS inglês em que a orientação é a de o médico nem sequer entrar na sala de isolamento e prosseguir telefonicamente a avaliação) não estão equipados com máscaras respiratórias tipo N95/FFP2 ou N99/FFP3, as únicas que são realmente protetoras.
O SIM escrevia ontem: Senhora Ministra da Saúde, caso não se assista à muito rápida reversão da aqui mais uma vez denunciada grave falta de EPI à disposição dos trabalhadores médicos no seu quotidiano laboral, o SIM, a todo o tempo, cumprindo aliás o dever institucional a que deve responder na defesa dos melhores interesses dos seus associados, não se eximirá de formular, assumir e comunicar a orientação, que a todos endereçará, de que existe justa causa de não prestação de cuidados assistenciais de saúde, por parte de um trabalhador médico a quem não sejam postos à disposição os meios e instrumentos indispensáveis, nomeadamente EPI, para que o ato médico decorra segundo o padrão mínimo de segurança exigível, no quadro da pandemia para a infeção por SARS-CoV-2.
Não vimos qualquer resposta, a situação agrava-se rapidamente e sem médicos não vamos lá.
Assim, o SIM recomenda a todos os médicos que se recusem a atender todos os doentes agudos com sintomas respiratórios agudos sem Equipamentos de Proteção Individual adequados e nos quais se incluem máscaras respiratórias (e não cirúrgicas), comunicando ao Sindicato e à Ordem dos Médicos tal ocorrência.