O SIM, Sindicato Independente dos Médicos, vem pelo presente manifestar total solidariedade para com os médicos do serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.
Os cirurgiões já reiteradamente protestaram relativamente às deploráveis condições de trabalho existentes no Serviço de Urgência (SU), que impossibilitam uma adequada avaliação, diagnóstico e respetivo tratamento aos doentes que recorrem ao SU.
Apesar do reconhecimento da justeza das reivindicações dos cirurgiões, pelo Conselho de Administração, quer verbalmente quer por escrito e das várias promessas de resolução, efetivamente continua tudo na mesma.
Neste contexto, os cirurgiões deliberaram recusar todo o trabalho extraordinário no SU, enquanto persistirem tais condições.
O Serviço de Cirurgia mantém o seu normal funcionamento em todas as atividades que lhe estão adstritas, designadamente, no Bloco Operatório, na Cirurgia de Ambulatório, na Pequena Cirurgia, no Internamento, na Consulta Externa, quer nas consultas específicas de Cirurgia ou nas consultas Multidisciplinares, das suas unidades funcionais. Para além do apoio a todas as áreas clínicas do Hospital. Cumulativamente, os Cirurgiões ainda disponibilizam 12h semanais para o SU.
Lamentamos que o Conselho de Administração (CA) não tenha tido capacidade de resolver a situação, que reconhece como procedente e justa. No entanto, elaborou, por deliberação do CA, uma escala para março com cinco dias sem qualquer Cirurgião nas 24h e outros tantos sem qualquer Cirurgião no período noturno.
Em nenhum dos dias do mês a constituição da equipa respeita as normas emitidas pela Ordem dos Médicos e referentes a este assunto.
Fica, assim, em risco a normal e adequada prestação de cuidados de saúde, na área cirúrgica.
O SIM lamenta que, nesta conjuntura, se proponham sair da Instituição dez dos Cirurgiões mais jovens, o que trará consequências desastrosas para o Serviço, para o Hospital e para os doentes.
O SIM lamenta, ainda, a completa inoperância da ARS Algarve na resolução desta gravíssima situação.
O SIM exorta o CA e o Ministério da Saúde a assumirem as suas responsabilidades na salvaguarda dos legítimos interesses e direitos dos doentes, corrigindo as deficitárias condições de trabalho no SU e as deficiências registadas na escala aprovada pelo CA.
Faro, 5 de março de 2020
O Secretariado Regional do SIM-Algarve