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Sindicato Independente dos Médicos

Tempestade perfeita a sul do Tejo

23 novembro 2019
Tempestade perfeita a sul do Tejo
Depois de o Hospital de Setúbal tentar impor aos médicos que ultrapassem o limite legal anual de horas extraordinárias surge agora mais uma tentativa no Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal tentando obrigar os Médicos de Família a trabalho extraordinário superior ao limite legal diário durante a semana.

De um dia para o outro pretendem impor, sem acordo dos médicos, 4 horas de trabalho depois de uma jornada de trabalho normal e ainda aos fins de semana, em consequência do encerramento da Urgência Pediátrica noturna do Hospital Garcia de Orta.

O SIM denuncia a intenção de generalizar a prática a todo o país já que o Governo nada está a fazer para resolver os múltiplos problemas de rotura iminente.

Os utentes desses centros de saúde verão aumentada a dificuldade de acesso às consultas com o seu Médico de Família, por prejuízo da organização do seu tempo de trabalho normal, bem como as dezenas de milhares de cidadãos sem Médico de Família.

O Ministério da Saúde induz desta forma em erro os cidadãos. Um serviço hospitalar tem um conjunto de médicos especialistas e meios complementares de diagnóstico e de intervenção que os centros de saúde não têm e por isso aumenta o risco para a saúde das crianças a sul do Tejo.

Depois de ser evidente a falência da propaganda de que nunca existiram tantos médicos no SNS, depois de tentar transferir diretamente doentes do público para o privado, depois de tentar retalhar o SNS para as misericórdias e setor privado, o Ministério da Saúde alimenta a ilusão de solução dos problemas alargando os horários dos centros de saúde.

Ao mesmo tempo o Governo pretende esconder a gravíssima limitação de meios que existe na Urgência Pediátrica dos Hospitais de Dona Estefânia e Santa Maria já de si sobrecarregadas antes do período crítico do inverno.

Aconselhamos os nossos associados a apresentar as minutas de exclusão de responsabilidade por exiguidade de meios.

Admira-se a Ministra que os médicos queiram sair do SNS. Sim querem sair de um SNS em que há quebras de stock de medicamentos, de um SNS em que se ultrapassa os limites legais de horas extraordinárias, de um SNS com equipamentos obsoletos, de um SNS que substitui especialistas por tarefeiros e ainda por cima lhes paga mais, de um SNS que fecha serviços e tenta tapar o sol com a peneira.

Reafirma-se o pedido de reunião urgente com Ministério da Saúde.
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