Ei-los que partem... Velhos e novos!
Num país assolado pela depressão social decorrente de chagas politicas, tal como o desemprego, eis-nos perante uma situação insólita naquele que é um dos maiores empregadores da zona centro: a rescisão de contrato de emprego por parte de um número significativo de médicos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra!
É a debandada de médicos desse “grande Hospital”, glosado pelo Conselho de Administração como protótipo de local de trabalho privilegiado e dignificante, que deveria fazer “inchar de orgulho” os privilegiados escolhidos para ali trabalhar!
Após cerca de uma década em que centenas de médicos pediram reforma antecipada – autorizadas pela tutela – decapitando os Serviços do Hospital dos médicos mais antigos e experientes, observa-se agora uma nova realidade: a saída de médicos com mais de 20 anos de experiência, que saem por rescisão de contrato – sem compensações, sem subsídios, desligando-se do contrato público: vão-se embora!
Vão para a privada... dirão alguns. Não aguentam a intensidade de trabalho imposta pelos novos modelos de trabalho... dirão outros!
Entre motivações de ganância e de indolência, os detratores acalmam as suas consciências, e desprezam o âmago da questão:
- o ambiente de trabalho, somatório de antigos conflitos e ajustes de contas entre “famílias” e interesses nos HUC, viu um agravamento exponencial com a junção dos médicos vindos do antigo CHC (com o apadrinhamento de alguns e o desprezo da larga maioria).
- o desprezo absoluto pela participação individual dos profissionais na gestão dos Serviços.
- a falta de liderança das chefias – ausência de modelos de funcionamento, de organização racional, de planeamento judicioso – que seguem instruções incompreensíveis (baseadas em interesses de lóbi e em critérios administrativos quando os há, sem qualquer critério, na maior parte dos casos).
- o norteamento pela poupança irracional e não pela racionalidade dos recursos humanos e infra-estruturas.
- a humilhação de profissionais submetidos a métodos de gestão (técnicos e de assiduidade) aviltantes e desadequados (controle digital, consultas e operações controladas pelo número de actos, desprezo pela qualidade, pela componente formativa e de investigação).
- a atribuição discricionária de tarefas e funções (nas Urgências, nos Blocos operatórios), com desigualdades e discriminação entre profissionais de igual grau na carreira (mas de proveniência ou de influência politica diferente).
- a obrigação de desempenho de funções e assunção de responsabilidades simultâneas e contraditórias obrigando os profissionais médicos a correr riscos intoleráveis.
Enfim, todo um contexto esquizofrénico de relações de trabalho e de resposta às necessidades básicas das populações (de que é exemplo, uma linha de médicos internos das diversas especialidades, sem experiência nem competência a fazer de Internistas no Serviço de Urgência!)
E assim vai o melhor Hospital do país!
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