Um balão de ensaio de algo que nos deve assustar: o desmembrar do SNS (SRS), "calando" antes a voz de quem discorda, entregando aos privados sem regras:
Actual política de saúde nega o legado do Serviço Regional de Saúde:
Gestão de saúde na Madeira está baseada no conflito, no divisionismo e na intriga permanente entre profissionais.
O paradigma de gerir sem ouvir. São inúmeros os exemplos:
Aprovada à pressa na ALR e à total revelia da classe médica, a nova política do medicamento regional, feita à medida da ANF (Julho de 2010).
A multiplicação de parcerias público-privadas sem critério. Pior, actuação selectiva sobre quais empresas privadas deverão persistir na saúde regional.
Acumulação das dívidas aos fornecedores (excedem 200 milhões de euros). Falências e desemprego em catadupa na área da saúde regional.
As listas de espera já não são públicas. Mesmo os cadernos de estatísticas hospitalares, com os dados detalhados aos Serviços, foram silenciados.
A degradação assistencial é evidente mas não admitida.
Assistiu-se à desvalorização das carreiras médicas na Madeira (só o acórdão do Tribunal Constitucional de Junho 2010 possibilitou a aplicação do DL176/177 na Madeira).
Os ACT em vigor são ignorados. São proibidas as folgas no SESARAM (circular 6 de 2010), pondo em causa a medicina segura e os elementares cuidados medico-legais.
Os sindicatos são ridicularizados, com delegações a deslocarem-se à ilha, sob prévio agendamento acordado, sendo mandadas de volta sem explicações.
Task-force dirigente da saúde reunida para desmembrar resistências:
Um Director hospitalar que é administrador duma grande clínica, na qual assina os cheques dos honorários dos médicos. Na qual decide quem faz o quê.
Propõe a rescisão de contratos hospitalares, oferecendo em troca propostas de trabalho na "sua" clínica. É a promiscuidade MOR entre público/privado.
Um Administrador que instaura dezenas de processos de inquirição disciplinar a médicos, sob os mais variados motivos.
Nenhum tem consistência para chegar a uma sentença, quanto mais aos tribunais. Mas a humilhação no processo está assegurada.
Mesmo os delegados e dirigentes sindicais, sofrem na pele tal antídoto por falar (mesmo fora de horário) com colegas no hospital.
Querer colocar contestatários em Serviços diferentes dos da sua especialidade. Dizer que médicos ao reivindicar condições trabalho assemelham-se a "estivadores e sopeiras".
Gestores que retirariam da lista dos 1500 utentes da MGF os "saudáveis" duma família, deixando só os doentes, arranjando vagas para outros doentes sem MF.
A MGF passaria a MCI (Medicina Crónica e Idosos). Admite a MGF poder colocar doentes em lista de espera (cirúrgia minor) sem consulta de triagem cirúrgica hospitalar.
Os Directores de Serviço são escolhidos não pela estrita competência técnica mas pela "cega" obediência hierárquica (a níveis que nunca houve no rectângulo nacional).
A Madeira é o único local do pais em que foram criados concursos para assistentes graduados sénior, à revelia da existência de legislação concursal, em negociação com o MS.
Médicos (todos por "acaso" todos Directores de Serviço) propõem abaixo-assinados contra as greves de outros colegas.
O Secretário Regional da tutela política da saúde afirma na RTP-M procedimentos de despedimento de médicos grevistas pois, segundo ele, o SRS é um empresa!!!?
A Constituição e os seus direitos não parecem pois, capazes de atravessar o atlântico.
Perceba-se que quem dirige a saúde na Madeira não ouve, não cede, não cumpre o que negoceia e não respeita quem discorda.
Eventuais consequências de um "monólogo" de 34 anos...
Mesmo que não se possa ajudar numa solução, pelo menos fique-se alerta e unido para que tais políticas de saúde não cheguem ao continente e ao SNS.
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