Assiste-se a um paradoxo da formação médica no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC), o que é tanto mais grave quanto este é o representante português do G8 da Saúde.
Os Médicos Internos do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra denunciaram junto do SIM várias práticas em uso naquele Hospital e que, de acordo com a sua opinião, prejudicam profundamente a sua realização profissional a vários níveis:
- sentem-se pressionados (contra sua vontade) a realizar períodos de urgência em horas extraordinárias muito para além do que seria razoável (e legal), prejudicando a sua formação e o seu direito ao descanso.
- sentem-se frustrados a realizar actividades em contexto de Serviço de Urgência sem qualquer propósito formativo, pois nada têm a haver com a sua Especialidade (Triagem geral numa denominada Área Médica 1).
- queixam-se de discriminação entre Médicos Internos de diferentes Serviços com obrigações distintas de intensidade de trabalho, de responsabilidade e de qualidade de formação, dentro da mesma Instituição, nomeadamente no caso da Área Médica 1.
Estas questões motivaram sucessivos apelos e pedidos de esclarecimento dos internos junto das Direcções de Serviço, Direcção de Internato Médico, Direcção Clínica e Conselho de Administração, sempre sem grande resposta ou impacto prático. A situação é tal que recentemente têm surgido várias notícias na comunicação social a denunciar o acima exposto, tendo mesmo sido dado conta de uma acção judicial movida contra o centro hospitalar pelo desrespeito dos limites legais das horas extraordinárias.
Por ser terminantemente contra qualquer actividade que prejudique a formação dos médicos internos, nomeadamente a postura de algumas administrações de encarar o internato como uma fonte de mão-de-obra barata, o SIM dirigiu, em 10 de Julho de 2015, um ofício ao Presidente do CA do CHUC solicitando explicações acerca daquelas práticas denunciadas.
Perante a ausência de resposta, foi reenviado novo ofício em 27 de Outubro de 2015 ao Presidente do CA do CHUC, reiterando o pedido de explicações.
Recebemos uma resposta do Director Clínico do CHUC em 3 de Novembro de 2015, em que é referido:
“Informamos que o trabalho extraordinário remunerado se deve revestir de carácter voluntário”
Assim, de acordo com esta regra da política de trabalho do CHUC, apenas os médicos que o manifestem (voluntários) deverão ser escalados em trabalho extraordinário.
O SIM disponibiliza minutas para que os médicos, de acordo com esta directiva dos CHUC, possam manifestar a sua indisponibilidade para realizar Horas extraordinárias.
Esperamos (e estaremos atentos) que esta postura seja respeitada pela Direcção Clínica do CHUC e que este seja um passo, dos vários que precisam de ser dados, na direcção da melhoria das condições de trabalho e formação dos médicos internos desta instituição.
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